Os millenials trouxeram novos hábitos de consumo

A proposta contemporânea da Osklen ultrapassou os conceitos artísticos: logo após o desfile, todas as peças estavam disponíveis para compra no e-commerce da marca, além das lojas físicas selecionadas da grife. Esta tendência, chamada see now, buy now, já não é novidade no mercado da moda.

Devido a uma crise generalizada do conceito adotado durante anos pelas fashion weeks, veio a solução. A ideia é simplesmente a possibilidade de, logo após um desfile, poder compras as suas peças preferidas. Em tempos de tecnologia e acesso fácil à praticamente tudo, nada parece mais adequado.

Daniela Klaiman, diretora de planejamento da agência de pesquisa de tendências BOX1824, explicou a lógica.

“A baixa se deu justamente porque os desfiles não interessavam mais a ninguém. O SPFW está em plena decadência há anos. As pessoas não querem alguém ditando a moda, mas fazer a sua própria marca e construir a sua própria identidade. Eu vejo uma geração que não está ávida para comprar. Ela está cada vez mais consciente e que, inclusive, tem vergonha de falar de altos gastos e coisas superficiais. Aproximar a passarela da rua e das pessoas é uma tentativa de humanizar a compra e de manter a marca e modelos na cabeça das pessoas antes que elas se esqueçam e desistam de ir atrás daquela peça apresentada na passarela”

A crise ganhou ainda mais força por conta da divulgação abundante de fotos e materiais dos desfiles nas redes sociais. Com isso, em pouco tempo as araras das fast fashions ganham peças parecidas com as apresentadas durante os desfiles. Consequentemente, as tendências pipocam por todos os lados. Quando as grifes finalmente disponibilizam suas criações para o mercado, cansamos: já estamos trajando todas elas há seis meses.

Outro ponto que acompanha esta mudança de tempo de consumo é o freio no uso de divisões, tanto por gênero, tanto por estação. Neste quesito, ainda vemos uma Osklen que segue os padrões antigos. A coleção inspirada em Tarsila foi apresentada como de primavera e verão, limitada a um espaço de tempo. Este conceito está em baixa, visto que cada vez menos as roupas podem ser divididas por clima, já que as mais de 5.000 (sim, 5.000!) cidades do Brasil contam com mudanças climáticas constantes.

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